Rejeição

 


Estou em um momento difícil em que há muito já não escrevo, ao menos não mais com o prazer de antes. Fui rejeitado, mais uma vez, por uma editora.
Ver o meu melhor trabalho ser rejeitado me dói sempre. Como se fosse a primeira vez.
Sou mais parecido com esse cara ao meu lado da foto (João Simões Lopes Neto) do que eu imaginava. Uma vida de fracassos, de tentativas, de sonhos não realizados… mas (ao menos pra ele) que hoje reverberam fazendo história no Brasil. Simplesmente tudo o que ele fez vingou… porém postumamente. E isso é injusto, demasiadamente injusto!
Deixo que suas palavras falem por mim, como ele falou no seu artigo (hoje publicado como o livro Família Marimbondo, sob pseudônimo de Serafim Bemol):
“Produzir para que? Falta o incentivo, o estímulo, o atrito, o strugle!
Para as traças? Para papelotes? Pra recortar bonecos?”
É assim que me sinto… pra que gastar energia com isso? Pra que continuar sonhando depois de anos tentando publicar o mesmo livro por uma editora tradicional? E não só editora, mas também agências literárias. Já mudei muito o livro, que já passou por duas leituras críticas (muito dinheiro envolvido) e hoje conta com 50 mil palavras a mais do que em sua primeira versão. Eu trabalhei e ainda trabalho muito no meu mais lindo trabalho, a trilogia “O Refúgio da Arte” tão desprezadas pelos profissionais, mas tão exaltada por aqueles poucos que já a leram. Pra que continuar mexendo nesse texto? Nesse livro de comédia, nessa ideia sobre musas?
Ou como disse João Simões Lopes Neto na mesma obra antes citada:
“Esse era o esqueleto da minha comédia. Pode ser - é, com certeza- um esqueleto de costelas desparelhas, de vértebras truncadas e trocadas.
Digo mais, agora: era uma ideia óssea… nem eu mesmo me animo mais à roê-la!”



Desculpem escrever algo tão melancólico, talvez muita gente julgue como um problema pequeno ou até mesmo irrelevante… mas a verdade é que isso me corrói, e me faz, lentamente, querer desistir de mim mesmo.
Mas se vou desistir? Jamais! Querer é diferente de poder e eu simplesmente não posso desistir.
Escrever é o que me torna vivo e o que irá me fazer imortal.

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