Gêmeos, o diplomata de Mercúrio


O Sol brilhava como de costume e o planeta Mercúrio, mais do que qualquer outra coisa, era o que podia ver de mais perto os espetáculos do líder do Sistema em que se encontravam, o Sistema Solar. Mas esse camarote donde se encontra Mercúrio tinha um preço muito alto a se pagar, o planeta precisa, constantemente, de pequenas reservas de água para que os raios solares a evaporem, causando, com isso, a satisfação que o planeta precisa para manter um certo equilíbrio, e a fonte de água do planeta mais próximo do Sol estava acabando.
— Gêmeos! — gritou Mercúrio — Preciso de você aqui!
Quase no mesmo instante uma figura um tanto misteriosa tornou-se presente a frente do planeta. Dualidade o definia. Uma de suas cores era negra e outra era branca.
— Que bom que você chegou, Gêmeos. Preciso que você me consiga H2O, para que eu possa evaporar e não perder meu equilíbrio.
— Mas o que você quer que eu faça exatamente, Mercúrio? — pediu a figura misteriosa chamada Gêmeos.
— Você é o diplomata daqui, trate de achar com alguma outra força ou com algum outro planeta uma pequena reserva de água. Virgem saiu em uma missão, então só posso recorrer a ti, meu diplomata!
— Ah, sim! Virgem é a outra força que você rege… Ainda não tive o privilégio de conhecê-la. — de forma nobre disse Gêmeos — Então eu irei negociar esse recurso natural com algum outro planeta. Tem ideia de um planeta que possua tal recurso?
Mercúrio pensou por um instante. Mas logo se adiantou:
— Sim, eu ouvi boatos de um gigante gelado chamado Urano. Parece que é um grande planeta que possui água para dar e vender! Mas ele fica um tanto longe daqui. Logo atrás dos famosos gigantes gasosos.
— Tudo bem, meu regente! — interrompeu Gêmeos — Eu conheço o caminho até Júpiter e Saturno. É um pouco longe, mas eu prometo lhe trazer água em pouco tempo.
— É por isso que concedi essa honra a ti, Gêmeos. Sei que conseguirá! — exaltou o planeta mais próximo do Sol.
— Então estou indo, meu regente! Volto daqui um tempo, com a sua água, eu prometo! — disse Gêmeos em um aceno, já tomando direção de Vênus, o planeta vizinho.
Dentre o vasto e iluminado cosmos, já fora de órbita de seu querido regente, Mercúrio, Gêmeos estava se escondendo, tanto nas luzes quanto nas sombras em direção de seu destino. Para que ninguém notasse que Mercúrio estava com problemas. Passando o planeta Vênus o diplomata não pode deixar de notar uma grande força que o protegia. Pelo que ele ouviu falar seu nome é Touro e ele é quase tão forte quanto uma força constelar, mas Gêmeos passou despercebido pelo chifrudo gigante que guardava seu regente.
Ali perto existia um satélite que surgiu de uma colisão entre dois núcleos. O nome desse satélite é Lua e Gêmeos já conhecia a força que é regida por ela. O nome dessa força é Câncer, mas ele não estava aos arredores de sua regente e, também mãe, Lua.
Ao fundo Gêmeos conseguia avistar o planeta Marte e, quase a sua frente, um parrudo ser, também de chifres, esmagando alguns meteoros que estavam prestes a colidir contra Marte. Pelo que supos o diplomata era a força que era regida por Marte, mas ele não sabia o nome daquele, aparente, poderoso ser. Apenas pode notar um par de chifres espirais e grande quantidade de músculos. O diplomata de mercúrio também passou despercebido por aquela força.
Depois que passou de Marte, Gêmeos não pôde deixar de sentir medo ao ver o maior planeta daquele Sistema, o nome desse gigantesco núcleo é Júpiter e a força que o protege é de grande simpatia. Ele estava ali perto e o diplomata, resolveu apresentar-se para ele.
Saindo das sombras Gêmeos disse:
— Olá, força de Júpiter.
Ao dizer isso a força de Júpiter apontou o arco que tinha nas suas mãos e apontou a única flecha de sua aljava em direção de Gêmeos, que abruptamente se explicou:
— Eu vim em paz, eu vim em paz! Relaxa! Eu venho lá de Mercúrio.
— E por que devo acreditar em você? — perguntou o guardião de Júpiter.
— Por quê? Bem… Eu não fiz nada até agora, não é mesmo? Surgi do meio das sombras, eu estava do seu lado e você não tinha me notado. Poderia ter lhe dado um golpe surpresa e voltar para as sombras novamente, força de Júpiter.
— É, você tem razão. — disse o arqueiro, abaixando seu arco e logo estendendo a mão — Eu me chamo Sagitário, o que você deseja?
— Apenas vim parabenizá-lo pelo seu ótimo trabalho, nobre guerreiro. — diplomaticamente disse Gêmeos — Sabe, eu venho lá de Mercúrio e as notícias sobre os seus feitos ecoam até nós.
— Obrigado! — agradeceu Sagitário, aos sorrisos — Eu costumo fazer o meu melhor.
— Tudo bem, Sagitário. É aqui que me despeço, tenho um serviço urgente para fazer em Urano. Sabe me indicar onde fica esse planeta?
— É claro, nobre diplomata. Qual o seu nome, a propósito. — indagou o arqueiro.
— Gêmeos, é o meu nome.
— Ok, Gêmeos. O próximo planeta aqui do Sistema é Saturno. Passando Saturno você vai encontrar Urano. É um grande planeta azul. Você sentirá um frio vindo de lá, pois aquele planeta é gelado demais.
— Obrigado pelas informações, Sagitário! Qualquer coisa vai lá em Mercúrio para conversarmos um pouco mais.
— Me lembrarei disso, duas caras.
— Haha! Que apelido cafona é esse? Fique bem, estou indo. — falou Gêmeos, já adentrando as sombras e as luzes. Viajando de pouco em pouco até seu destino.
— Me lembrarei de você, Gêmeos, seja lá qual for a próxima vez que venhamos a nos encontrar. — disse Sagitário para si mesmo.
O diplomata chegou até Saturno e não conseguiu não olhar para aquele complexo sistema de anéis que o rondeava. Quando de repente um raio pareceu passar por ele.
Alguém corria de anel em anel para mantê-los em movimento. Aquela deveria ser a força que protegia Saturno, mas Gêmeos não conseguiu o identificar, pois aquele andava rápido demais. O diplomata seguiu o seu caminho e, depois de pouco tempo, começou a sentir um frio. De acordo com Sagitário ele estava perto de Urano.
Um enorme planeta azul começou a dar as caras e Gêmeos não teve dúvidas, estava no lugar certo.
O diplomata foi reto em direção do planeta, mas logo notou que havia uma força, muito bonita por sinal, protegendo Urano. Então Gêmeos resolveu, de longe, revelar-se. Foi se aproximando daquela bela força já aos berros:
— Olá, amigo! Eu venho em missão de paz! Sou o diplomata regido pelo planeta Mercúrio! Você o conhece?
A força de longos cabelos azuis esperou Gêmeos chegar mais perto e falou em tom calmo:
— Claro que conheço. É o planeta mais próximo do Sol, não sei como você não está morrendo de frio aqui.
— Acredite, está sendo difícil para mim, me controlar. O frio está tão intenso que estou aguentando o máximo para não bater o queixo.
As duas forças gargalharam, então Gêmeos falou:
— A propósito, meu nome é Gêmeos.
— Aquário. — falou já estendendo a mão, Gêmeos não exitou em lhe ceder um aperto de mãos. — Você está com frio mesmo, hein? Que mão gelada!
— Eu falei que não estava mentindo.
— Bom, o que lhe traz a essas bandas? — indagou Aquário com um tom de curiosidade acima do normal.
— Meu planeta regente está precisando de água, e o que as notícias andam falando é que Urano tem água para dar e vender. — respondeu Gêmeos, meio sem jeito. Coçando atrás de seu ondulado cabelo preto e branco.
— Ah, então você veio ao lugar certo e está falando com a pessoa certa. Olhe! — disse Aquário mostrando um ornamentado balde que segurava em suas mãos. Gêmeos sentiu-se idiota em não notar algo tão grande. — Nesse balde tenho água infinita! Eu posso manipulá-la com o vento que sou capaz de conjurar. Podemos ir até o seu planeta, Mercúrio, em um piscar de olhos por cima dessa água.
— Muito obrigado! Você é tão voluntarioso! Salvará nosso planeta sem pedir nada em troca?
— Eu já tive algo em troca dessa oferta. — falou o senhor do balde.
— E o que foi?
— O seu obrigado!
Gêmeos sorriu e pensou quanta sorte teve. Além do mais se lembraria desse sujeito, Aquário, caso ele precisasse de algo de Mercúrio.
Aquário baixou o seu balde e água saiu dele, mas a água flutuava entre o cosmos e logo as duas forças subiram em cima das águas e Aquário, em um bater de mãos manipulava a água com um forte vento que tirava de suas palmas.
E, com isso, realmente, Gêmeos e Aquário chegaram até Mercúrio muito mais rápido. Chegando lá Aquário cedeu o seu balde para Gêmeos, que tocou a água em direção de Mercúrio. Depois de um tempo repondo a água o planeta agradeceu a Aquário que, com um simples aperto de mãos, se despediu de Gêmeos. Voltando rapidamente, graças as suas águas manipuladas, até o seu planeta regente, Urano.
— Bom trabalho, Gêmeos! Foi muito mais rápido do que eu esperava. Agora poderei ficar evaporando minha água por eras!
— Apenas cumpri com a minha obrigação, meu regente!
Gêmeos ficou um tempo sem muito o que fazer, então ele viajava de pouquinho em pouquinho para tentar fazer novas alianças e amizades. Mas um som ensurdecedor acabou sendo ouvido por todo o Sistema Solar:
— As Trevas emergiram, eu preciso das forças! Regentes, dar-me-ão tuas forças! —a voz que acaba de pronunciar essas palavras era muito conhecida por todos. Era a voz do Sol.
Gêmeos notou que o problema vinha de um negrume sem fim que estava sendo formado muito próximo da Lua.
O seu regente, Mercúrio não exitou em mandá-lo até o encontro do Sol e não deixou de alertar a seu diplomata:
— Gêmeos, o que está por vir talvez seja a coisa mais difícil que você enfrentará em sua vida. Esteja avisado. Agora vá!
Gêmeos assentiu e tomou caminho do Sol.

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